Eu
tenho em minha estante o primeiro livro da trilogia Os Sonâmbulos, de Hermann Broch. Ainda pretendo seguir com o diário
de O Homem Sem Qualidades, de Robert
Musil. Mas resolvi fazer antes um diário de leitura de Os Sonâmbulos, visto que a primeira vista me pareceram ser livros
mais curtinhos e um tanto mais fáceis de ler, embora se enquadrem também no
gênero romance ensaístico/filosófico assim como a obra-prima de Musil, e retratem
ambos a sociedade alemã e austríaca antes das grandes guerras do século XX. Eu
já havia lido de Broch A Morte de
Virgílio, que em breve pretendo reler e comentar aqui no blog, e foi uma
das experiências mais marcantes de toda a minha vida como leitor. Diante disso,
não é difícil de se imaginar a tamanha expectativa que tenho com Os Sonâmbulos, já que muitos dizem ser a
grande obra-prima de Broch (talvez por não terem lido A Morte de Virgílio, que outros tantos dizem ser sua obra-prima,
talvez por nunca antes terem tido a oportunidade de ler Os Sonâmbulos, visto que essa obra só veio a ser publicada agora do
século XXI aqui no Brasil, enquanto a outra está em nossas livrarias desde os
anos 60). Pois bem, ambas as obras, a de Broch e a de Musil, se complementam, e
encaro a leitura de ambos como o mesmo projeto intelectual. Ainda pretendo ler
algum livro técnico a respeito.
Já li 50 páginas do primeiro volume de Os Sonâmbulos, intitulado Pasenow ou o Romantismo. De que se trata
essa trilogia? Da necessidade de se dissecar a mentalidade dessa sociedade que
permitiu a degradação de todos os seus valores, e que eclodiu na
irracionalidade que permitiu a ascensão do Nazismo nos anos vindouros (isso é
uma leitura que temos a posteriori, historiográfica, visto que da ocasião da
publicação de Os Sonâmbulos, em,
1931, ainda não ocorrera essa ascensão). E de que se trata esse romantismo do
título do primeiro volume? Estou a descobrir.
Nas páginas 26, 27 e 28 da edição
brasileira lançada pela Editora Benvirá, desvendamos uma dessas primeiras
concepções românticas: o romantismo do uniforme. Preocupante, diante da
ascensão da mentalidade, em nossa época, do saudosismo da ditadura militar, não
é verdade? Recomendo assistirem ao filme alemão de 2008 A Onda, de Dennis Gansel. Eduard von Bertrand é um personagem que
critica avidamente a questão do uniforme, e é o ponto de vista dele que temos no
trecho que selecionei a seguir.